Com o surgimento do comércio eletrônico, diversas atividades, além da comercial, precisaram se adequar para atender esse novo modelo de negócio, com destaque para a logística. O planejamento logístico no e-commerce foi uma das atividades do setor logístico que mais se transformou ao decorrer dos anos, em busca de tornar essa atividade mais equivalente ao mercado acelerado no qual vivemos hoje.
O panorama histórico do e-commerce no Brasil
O comércio eletrônico teve sua ascensão no Brasil no final da década de 1990. Com isso, todas as áreas precisaram começar a adaptação para a novidade do e-commerce, principalmente o setor logístico, que iniciou o seu processo de modernização, passando do exclusivamente operacional para a estratégico.
Logo no início da década de 2000, eletrodomésticos começaram a ser comercializados no Brasil via internet, o que demandou uma mudança na logística interna, desde a estrutura física de armazenagem, até aos controles sistêmicos.
Para atender a essa demanda, sistemas como o WMS e SAC começaram a ser desenvolvidos, com o objetivo de melhorar o controle e tornar mais eficiente a operação, assim como popularizou-se a utilização de operadores logísticos externos para centralização das atividades de distribuição.
Diretamente com a transformação na distribuição das mercadorias, novas necessidades de controle de transporte surgiram. Iniciou-se a implementação da tecnologia de transporte que conhecemos hoje, como a roteirização, o monitoramento de entregas e a utilização de Big Data uma análise mais profunda em relação a gestão dos processos, dando mais agilidade e eficiência na operação interna e externa.
Aos poucos os clientes começaram a demonstrar um desejo pela otimização da experiência de compra. As empresas agora precisavam oferecer algo além do produto, mudando mais uma vez o panorama do mercado e tornando insuficientes os processos oferecidos pela logística.
Com a terceirização dos processos de vendas mais amadurecidos, por volta de 2012, tecnologias de ERPs tornaram-se essenciais para a troca de informações, auxiliando a integração entre as empresas compradoras e seus fornecedores.
Assim, a conexão entre todas as ferramentas torna-se fundamental para que a operação funcione de forma equilibrada e dinâmica, para que seja possível oferecer a melhor experiência de compra com a maior eficiência de custos dentro dos processos.
A terceirização da logística pelos Operadores Logísticos
Diante do crescimento do e-commerce, os empreendedores perceberam a complexidade do controle dos estoques e do custo que era manter um armazém, tanto de estrutura como de mão de obra.
Com isso, a terceirização da logística popularizou-se. Com o grande volume e diversidade de mercadorias, e o mercado passou a demandar tecnologias que auxiliassem na administração dos estoques, afinal, grandes armazéns gerenciados de forma manual tendem a enfrentar problemas de divergência — o que não pode acontecer quando uma mercadoria não é de sua propriedade.
Foi assim que surgiu uma tecnologia, ainda rudimentar, dos sistemas WMS e ERPs que conhecemos hoje. O endereçamento automático, a integração entre ambos os sistemas, um controle mais rígido de recebimento e a criação de números de série foram algumas das principais mudanças que a adoção desse modelo de armazenagem trouxe para o mercado.
A transformação do setor logístico com o surgimento do e-commerce
A grande diferença que o e-commerce trouxe para a logística foi a distribuição. Antes, as mercadorias produzidas eram enviadas para o varejista, que distribuía entre as lojas físicas, e só então o produto chegava nas mãos do consumidor.
Hoje, essas mercadorias são entregues diretamente ao cliente final, de acordo com a modalidade de entrega selecionada. Ter um local para centralização dos estoques se tornou fundamental para atender a demanda de forma mais flexível.
A resposta para que as plataformas de e-commerce pudessem oferecer essa flexibilidade aos clientes foram os centros de distribuição, que permitem que a operação esteja mais próxima ao seu público-alvo, funcionando como um intermédio para abastecer toda a demanda.
O controle de estoque tornou-se a mais complexa atividade desses centros de distribuição, que têm como objetivo trazer mais eficiência e reduzir os prazos de entrega. Porém, para que esses prazos fossem estruturados e atendidos, as atividades manuais precisaram ser substituídas por sistemas inteligentes.
Novos sistemas de gestão
Todos os pontos da cadeia de suprimento precisaram ser revistos e pensados para aumentar os controles e tornar a gestão logística mais simples. Isso porque no início havia muita insegurança com as compras online e qualquer falha na entrega poderia representar a perda de um cliente.
O planejamento logístico no e-commerce se tornou um dos principais pontos do alcance da satisfação do cliente e, com essa responsabilidade mais acentuada, trouxe consigo novos sistemas de gestão, almejando uma melhoria na operação logística como um todo.
WMS como solução intralogística
O WMS se especificou em intralogística, permitindo novas aplicações. Esse sistema tornou possível a distribuição em grande escala, podendo atender uma operação com milhares de mercadorias e variedades de lotes e produtos.
O sistema reduz o tempo de separação dos materiais, deixando a organização do armazém mais metódica, com o endereçamento automático e a otimização que permitiu a alocação de mais de uma mercadoria ou lote em uma posição do estoque.
Os níveis de acuracidade do estoque, um dos pontos mais críticos da administração do setor, aumentaram, deixando o processo mais confiável por meio de parâmetros bem definidos. Toda a operação ficou mais precisa e as falhas por erros operacionais foram reduzidas, melhorando os resultados gerais.
TMS como solução extralogística
Talvez o ponto mais relevante da cadeia, a distribuição também sofreu transformações pela tecnologia. Notou-se a necessidade de trazer a eficiência da logística interna para a externa, que é o ponto de conexão entre a marca e o consumidor.
Assim, foi criado o Transport Management System, com o objetivo de aumentar o controle das operações de entrega e distribuição, o que permite a oferta de uma experiência de compra que favoreça os consumidores.
O sistema auxiliou as empresas na modernização dos processos de entregas, com ferramentas que permitem melhor gestão do frete e melhores custos tanto para o varejista, quanto para o consumidor. Fora isso, o rastreamento das entregas começou a ter papel importante na fidelização do cliente.
O surgimento dos marketplaces e seus impactos na logística
O aparecimento dos marketplaces está novamente proporcionando mudanças na forma como é feito o planejamento logístico no e-commerce. Diversos fornecedores em um único mercado digital requerem, mais uma vez, algumas mudanças de fluxo, das quais destacamos aqui:
Mudanças na estrutura da distribuição
Ter um ambiente que permita a venda direta, dispensando demais interfaces. Porém, com isso, a estrutura física da distribuição provavelmente deverá ser modificada.
A utilização de um armazém comum para diversos vendedores diferentes torna-se conceito comum dos marketplaces, mas, ao mesmo tempo traz aos operadores logísticos uma operação mais complexa, visto que cada vendedor trabalha com determinado parâmetro.
Responsabilidade de distribuição
A venda direta faz com que a responsabilidade de expedição dos materiais torne-se do vendedor, ainda que seja oferecido pelo marketplace. Isso demanda do varejista um maior conhecimento nas opções disponíveis, buscando maior flexibilidade nos prazos e na organização das coletas.
Os marketplaces que possuam serviço de transporte terão vantagem, e a utilização de transportadoras menores e entregas fracionadas se tornarão mais comuns nessas operações.
Operações independentes
Os sistemas precisarão viabilizar operações independentes, desde o picking até emissão das notas fiscais das mercadorias. Cada mercadoria terá um proprietário, logo, além de serem independentes, o WMS deverá permitir que cada operação ocorra de forma simultânea, caso contrário irá afetar a produtividade da distribuição dos produtos.
É importante perceber que o comércio eletrônico não apenas estimulou o desenvolvimento das tecnologias logísticas. Foi, inclusive, a causa do surgimento de novos conceitos dentro da cadeia de suprimentos e também de novas empresas dispostas a enfrentar esses novos desafios.
O planejamento logístico no e-commerce tende a constante mudança, sempre com o viés de entregar ao cliente a melhor experiência de compra. As empresas que estão investindo nesse modelo de negócio devem estar atentas a essas mudanças, afinal, elas representam vantagem competitiva. Quanto mais vantagens diferenciadas oferecidas, mais chances de fidelizar clientes.
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