Em tempos de pandemia por conta do novo coronavírus (COVID-19) resiliência tem sido necessária em um cenário de grande desafio humanitário e também de impactos econômicos e nos negócios. No mercado de Logística e o Comércio Eletrônico, ainda não é claro qual será o impacto final da pandemia. Apesar das muitas incertezas, o momento pede elasticidade e cautela nas tomadas de decisões.
Coronavírus e o mercado financeiro
A cadeia de suprimentos sofreu um choque direto, a começar pelas indústrias chinesas, que no momento enfrentam dificuldades de exportação e produção em um momento de quarentena e medidas restritivas de segurança para achatar a curva de contágio do coronavírus.
Além das implicações mais aparentes, como o mercado de exportação e o transporte aéreo e marítimo, um aumento significativo da demanda de transporte interno é esperado para os próximos meses, mas ainda é cedo para definir qual será a repercussão disso.
Fora isso, o mercado de investimento já sente uma desaceleração econômica. A Filipinas foi o primeiro país a fechar a Bolsa por tempo indeterminado por conta da pandemia. No Brasil, o mercado financeiro enfrentou dois circuit breakers no último dia 12. Apenas em março de 2020, a Bolsa brasileira foi interrompida quatro vezes devido a pandemia.
Os impactos na Logística e Comércio Eletrônico
Um relatório recém-publicado pela McKinsey & Company aponta mudanças significativas para o varejo online. Segundo o documento, estima-se um crescimento de 25% nas compras online de mantimentos. Houve também redução de 23% no volume de carga reportado no porto de Los Angeles no mês de fevereiro. Em paralelo, o aumento em mais de 150% na demanda por remédios contra tosses e resfriados que podem ser adquiridos sem receita médica e um aumento de 58% sobre suprimentos de emergência.
E no Brasil?
Empresas do setor de eletrônicos já suspenderam parte das suas operações, e é provável que 50% das empresas já estejam sofrendo as consequências da falta desses materiais. De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), estima-se uma redução em 22% na produção no setor de eletrônicos para o primeiro trimestre de 2020, devido a dificuldades na logística de recebimento de insumos provenientes da China. Atualmente, os países asiáticos representam 38% das importações mundiais de componentes para a fabricação de eletrônicos. No Brasil, 80% das peças utilizadas são originárias dessa região.
As consequências da pandemia do coronavírus para
o e-commerce
Dentro do cenário atual, pode ocorrer uma redução temporária no ticket médio e no carrinho de compras, e redução no tempo de navegação na plataforma. Um aumento na conversão de vendas também pode ser percebido, à medida que as compras realizadas sejam mais necessárias do que arbitrárias.
Quais medidas os varejistas podem adotar?
Para manter a sustentabilidade dos negócios, apontamos aqui algumas práticas que podem ser realizadas para reduzir os impactos nas suas operações de e-commerce.
Medidas de proteção às pessoas e ao negócio
- Estabelecer uma central de comunicação para alinhamento com as lideranças da organização;
- Proteger o seu ativo mais importante: o funcionário, adaptando as políticas de viagens, reuniões e licenças médicas;
- Enfatizar a segurança estabelecendo protocolos mais rigorosos de higiene e assepsia;
- Comunicar frequentemente a funcionários e clientes sobre o que a empresa está fazendo para a manutenção das operações.
Adaptações do modelo operacional no front-end e back-end
- Reavaliar os gastos em canais digitais de acordo com as demandas variáveis por conta da epidemia;
- Analisar cautelosamente o fornecimento de toda a cadeia de suprimentos, pensando os ruídos na produção, transporte e demanda;
- Adotar flexibilidade para investir e impulsionar o crescimento durante a crise;
- Renove o modelo operacional nas lojas físicas, se for o caso, com novos horários de funcionamento e possível fechamento de lojas.
Preveja os cenários possíveis e prepare-se para mudanças
- Defina estratégias eticamente competitivas à medida que os impactos do COVID-19 estejam mais definidos;
- Elabore um planejamento de combate a epidemia pensando na possibilidade de desaceleração significativa do setor;
- Tenha um projeto de redução de riscos, adotando estratégias omnichannel, ou de acordo com a tendência acelerada no comportamento do consumidor durante esse período;
- Planeje ações de longo prazo em toda a sua cadeia de suprimentos.
Que a crise do coronavírus trouxe grandes consequências ao mercado internacional, isso já está claro. Agora, será preciso muita cautela e observação nos próximos dias, para entendermos cada vez mais como essa crise irá impactar a cadeia de distribuição no Brasil.